Baba do Camelo


Ele acorda na caverna e acende uma lâmpada, é avistado por guardas da gestapo e corre para fora, dá de cara com a areia movediça, enquanto os soldado riem e o declaram morto pelo celular, ele afunda de tanto se debater.

Depois de achar que estava morto acorda todo sujo de lama, na praia. Levanta e admira o eclipse solar naquela noite estrelada. Com seu canivete suíço constrói uma jangada, como remo usa seus braços e como vela uma bandeira da União Soviética.

Enquanto navega avista uma ilha com amazonas enfurecidas vendo televisão, ele aproxima-se e pergunta o porquê de tanto furor: "As mulheres ganham menos fazendo a mesma coisa que vocês, maldito homens! E suma logo daqui antes que eu decepe seu órgão viril".

Atendendo ao desejo da dama, ele some dali para uma outra ilha mais ao noroeste, avista um homem velho com capacete de penico, sente-se perdido e vai até ele perguntar onde está. O homem velho com capacete de penico diz que só responde se eles se enfrentarem num jogo de xadrez com peças de pedra gigantes vindas da Escócia.

O rapaz enfrenta o homem velho com capacete de penico e o vence após três dias com o mate do louco _ o grande problema era movimentar as pedras. Depois da vitória o rapaz pergunta ao homem velho com capacete de penico porque ele usa um capacete de penico. "Penico? Não sei o que é isso", o rapaz explica o que é e o velho não entende "Para que urinar nessa peça tão bonita quando eu tenho o mar ao meu redor?". O rapaz então esquece a questão e pergunta aonde está "Em uma ilha, achei que havia notado" diz o velho homem. Ele volta a perguntar, mas desta vez, pergunta o que há adiante "Mar, ilhas... e muitas horas daqui um continente".

O rapaz volta para seu barco a motor no dia estrelado e continua sua jornada rumo ao continente. Pelo caminho vê mais ilhas e em uma delas avista uma enorme placa com um ponto de interrogação ?

Ele para naquela ilha e uma neblina que parece estar somente ali o encobre, ele não vê mais nada, nem de onde chegou, nem a placa gigante. Uma voz feminina e sombria ecoa pela ilha "Quem é você e porque vaga pelo oceano?"

_ Neste momento sou um fugitivo e vou para o mais longe possível desta condição.

"E depois que não for mais um fugitivo?"

_ Eu não me importo, só não quero ser mais um fugitivo.

"E se eu disser que sua jornada termina aqui?"

_ Realizará minha vontade da mesma maneira.

"Como assim?"

Serei prisioneiro e não mais o que eu não quero, ser um fugitivo.

A neblina e a placa gigante somem e de repente o oceano virou um deserto e seu barco um camelo de três patas. Ele tenta subir no camelo mas ele não aguenta seu peso e cai. O rapaz percebe que o camelo consegue caminhar com dificuldade, e eles seguem pelo deserto.

A caminhada dos dois é interrompida por uma mulher "procuro um homem sábio, sabe onde posso encontrá-lo?"

_ Sábio em que senhora?

"Sábio oras!"

_ Eu entendo de armas de guerra, conspirações internacionais, política financeira e origem das espécies. Serve?

"Meu marido tem trinta e sete esposas, ele vivia conosco numa boa, mas depois de ir até o ocidente ele quer dissolver a união com trinta e seis, montar uma casa grande e emprestar-nos para outro homens a troco de dinheiro. O que eu faço?"

_ Quanto ele quer cobrar?

"Quanto mais nova, mais caro é o sexo por hora".

_ Leve a mim e meu camelo até sua casa e conversaremos.

A mulher os coloca em seu fusca e os leva até a casa grande.

_ Vocês concordam com a venda do corpo de vocês pelo vosso marido?

"Nãooooo" gritam as mulheres.

_ Vocês não se cansaram destes véus que não apenas escondem vossos corpos mas que também as faz submissas perante esta tirania masculina?

"Simmmm" gritam as mulheres.

_ Pois matem este canalha, vendam seus bens e fujam comigo pelo deserto!

Um copo de vinho e da deliciosa cicuta foram mais que suficiente para terminar a vida do marido das trinta e sete esposas.

O rapaz fugiu pelo deserto com as trinta e sete mulheres, até que uma tempestado de areia fê-los nada ver por longos minutos. Quando abriu os olhos, estava em rua escura, o camelo virou uma garrafa de vodca e as mulheres, bem, elas sumiram.

Andou desolado, não era mais um fugitivo, sábio nem um libertário. Era agora um jovem com aparência de mendigo. Andou até encontrar um homem de terno e gravata sentado na guia, chorando. Sentou ao seu lado e ficou calado, só olhando até o homem o notar, disfarçar o choro e perguntar "Quem é você e o que faz aqui?"

_ Bom, agora eu sou um mendigo ou um jovem atormentado que tem nas mãos uma garrafa de vodca para compartilhar com um cara chorando.

Eles bebem a vodca juntos e o homem se lamenta, pois sua carreira terminou na empresa após mais de vinte anos de dedicação.

_ Vinte anos dedicados ao dinheiro, que proeza.

"Não ao dinheiro, a empresa".

_ A empresa não é uma pessoa, ela é uma máquina maligna que se alimenta do seu suor para ter dinheiro. Enquanto você chora aqui, alguém sorri no seu lugar.

"Não é assim que eu vejo. O que me entristece é não poder obter as coisas que eu mais queria".

_ Não há ninguém que te respeite e tenha em você um bom amigo ou companheiro?

"Sim, claro, tem".

_ Dá minha vodca e vá chorar dentro do seu carro importado então seu babaca!

O jovem volta a caminhar e senta em uma praça, olha ao redor e pergunta.

_ Hey escritor, que porcaria de história é esta?

AHAHA, EU NÃO SEI, DEI UM POUCO DE ASAS PARA A IMAGINAÇÃO.

_ Você já foi melhor do que isso.

FIQUE TRANQUILO, VOCÊ NÃO É UMA OBRA PRIMA, É UM RASCUNHO MAL FEITO.

_ Então me deixe morrer enfim.

DEIXO VOCÊ MORRER POR AGORA, MAS, TODA VEZ QUE ALGUÉM LER SOBRE TEUS PASSOS, TU TERÁS VIDA.

_ Que seja, adiós.

TCHAU.

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