Liberdade de Expressão



Poder falar, falar o que quiser, o que der na telha,
sem filtro, sem pensar,
com raiva, com indignação, com alegria, com surpresa,
de quem se quiser falar, do que conseguir falar,
no idioma que conseguir falar, com os erros que puder cometer,
na hora que a necessidade se faz necessária,
a noite, durante o crepúsculo, na hora que a professora não quer,
na hora da Voz do Brasil ou junto com o guarda, só para irritá-lo.

Falar, dizer, expressar...
expressão...
poder falar, poder dizer, poder expressar-se
na hora que quiser
com liberdade,
liberdade de falar, liberdade de dizer, liberdade de expressar-se.

Liberdade de Expressão.

Sim, quiçá utopia, mas quem se importa.
Ora, tem que se importe, mas as favas!
a boca é minha e eu falo quando, quanto, onde, o que, do que, de quem e como eu quero.

Mas há aqueles que não quer que nos falemos.
São os que acham que expressão é uma concessão dadas pelos senhores.
Murmurar é permitido.
Murmuros são dádivas e você tem que ajoalhar-se e agradecer.

É, cara pálida (ou nem tanto), agradecer!
Eles te alimentam com o teu suor,
eles trocam uma fatia minguada de seu pão,
por alguns litros de sangue e um tanto de alienação.

Piedosos como só os senhores podem ser.

A navalha entra na carne,
de-va-gar,
milésimo a milésimo,
nanomilimetricamente,
sem que possamos sentir.

Obrigado senhores!

pelo ópio,
pela fé,
pelo circo,
pela migalha do pão,
pelos murmuros,

Levantar a voz é para os desequilibrados,
esquerdistas,
populistas,
comunistas,
adolescentes,
agitadores da ordem pública,
opositores da legalidade,
detratores da fé,
pró-democráticos,
bárbaros,
revolucionários.

Senhores, são todos canalhas!
Senhores são todos canalhas!

Senhores, isto é só o fim, só o fim!
O fim... da prisão, da opressão, da depressão!

Os senhores podem nos alvejar com balas,
mas nós os alvejaremos com ideias,
com palavras,
com o som da nossa voz.

E para cada Herzog assassinado, nascem mais setenta!

E a nossa voz,
não se calará,
ela não se calará,
calará jamais!

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