O que eu diria no dia do meu desbatismo?
Se eu de fato o fizesse, eu diria:
"O batismo é um rito de passagem, no caso do cristianismo seria uma espécie de abrir de portas para a entrada do novo cristão na igreja. Várias religiões têm seus próprios batismos. Vou me ater ao caso da igreja católica que fora a igreja na qual eu fui batizado com dois anos de idade na basílica de nossa senhora de aparecida.
Se eu de fato o fizesse, eu diria:
"O batismo é um rito de passagem, no caso do cristianismo seria uma espécie de abrir de portas para a entrada do novo cristão na igreja. Várias religiões têm seus próprios batismos. Vou me ater ao caso da igreja católica que fora a igreja na qual eu fui batizado com dois anos de idade na basílica de nossa senhora de aparecida.
Hoje não sou cristão, nem sei se posso dizer que algum dia
eu tenha sido. Não foi escolha minha entrar na igreja e deixar um padre de origem e
caráter desconhecido me batizar, essa escolha foi dos meus pais, que são
cristãos.
Eles não conversaram comigo a respeito, eles não me contaram
quem era cristo, o que era uma igreja, o que era deus, e porque eu tinha que
passar por tudo aquilo. E não me contaram por uma razão muito simples: Eu tinha
apenas dois anos, jamais entenderia!
Como deixam uma criança que não sabe nada da vida ser
iniciada em uma religião? Como uma criança vai expressar para o profeta ou
entidade X ou Y que ela quer entrar naquela comunidade?
Eu não escolhi entrar nesta religião, mas escolhi sair dela.
Como diria George Carlin, eu cheguei à idade da razão, na minha cabeça não
cabem mais papais noéis, nem coelhos pascais, deuses e profetas de araque.
Não sei se minha escolha condiz com a realidade, mas creio
que faz muito mais sentido do que crer em entidades que ficam escondidas em
nuvens, nos olimpos, sob a superfície ou em galáxias distantes ditando regras
humanas para humanos.
Não sou ateu porque sou do contra, porque está na moda,
porque é legal ou para parecer mais inteligente do que os demais. Nada disso.
Sou porque depois de muito questionar a vida, percebi que religião alguma possa
me dar alguma resposta convincente sobre o sentido da vida, sobre a origem das
coisas e sobre o funcionamento das coisas. Tudo que vejo são ritos, fantasias,
manipulações, ilusões, irracionalidade.
A religião tem seu valor, ela tem sua utilidade, tem seus
pontos positivos, não nego isso. Mas na minha vida, na minha mente, não mais
serve _se é que posso dizer que já tenha servido para algo.
Sobre o desbatismo, digo a vocês, é uma bobagem, é uma
frivolidade, uma frescura. Poderia eu apenas ignorar, deixar para lá e apenas
agir naturalmente, como alguém que tinha uma atribuição social que foi-lhe
impingida por seus pais, de maneira inconsciente e que hoje, não faz diferença.
Mas não é assim que estou disposto a agir desta vez. É
simbolicamente que faço o que faço. É para mostrar meu desprezo, é para
protestar contra o aliciamento de crianças pelas religiões. Crianças querem
brincar, querem aprender sobre o sol e os planetas, sobre os animais, sobre os
comportamentos estranhos dos adultos. Querem ouvir histórias, aprender a ler,
querem rabiscar as paredes assim como nossos ancestrais outrora fizeram.
Deixem as crianças em paz. Aprendam a diferença entre incitar
curiosidade e impor uma crença. Se a criança, por qualquer razão, entender que
é aquilo que ela quer, que a religião X é boa para ela, ótimo, batizem-na. Mas
se o tal rito precisa da iniciativa do iniciado, que seja no mínimo alguém que
saiba o que está fazendo.
Muita gente critica os mórmons por eles efetuarem o batismo
póstumo. Sim, eles batizam pessoas mortas. Sim, eles são malucos. Existe uma
semelhança óbvia entre batizar um morto e batizar uma criança: falta-lhes
consciência.
Perdoo meus pais por terem feito o que fizeram, eles não
sabiam o que faziam. Perdoo por não terem me contado que havia outras
religiões, que havia pessoas que acreditavam em outras coisas ou em “nada” acreditavam. Perdoo pelo preconceito aprendido contra os umbandistas, espíritas, crentes e
testemunhas de jeová.
Agradeço pelos livros que me deram, pela educação, pelo
incentivo ao estudo e ao pensamento crítico, pois estas foram as melhores
ferramentas para que pudesse me libertar do mundo assombrado pelos demônios!"
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Bill Maher, desbatizando o sogro de Mitt Romney, Edward Davies _ que em vida foi ateu.
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