Falar mal das pessoas é algo muito divertido às vezes.
Você senta sobre seu próprio rabo e passa a apontar a cagada
dos outros como se não houvesse amanhã. Mais legal ainda quando você percebe
que faz algo idiota, deixa de fazê-lo, e passa a sentir que tem autoridade
moral para dizer que todos os que fazem X (que tu também fazia) são idiotas!
Legal também quando reconhecemos uma atitude nossa como
idiota, e na tentativa de dirimirmos nossa dissonância cognitiva, tentamos justificar
que tal atitude afinal, não era tão idiota assim ou que foi um simples deslize.
Ok, mas porque estou dizendo estas coisas?
Bom, chegamos a época do ano em que um determinado programa
de TV que passa em um canal de uma família que apoiou a ditadura e que deve R$
1 bilhão à Receita Federal _ te dou um “plim plim” se adivinhar qual é a
emissora _ terá início pela 14º vez.
Pois é janeiro, e com ele, chega o big brother Brasil.
Os intelectuais saem do armário para criticar o baixo nível
da TV brasileira, criticam o absurdo deste programa ter tanto ibope (apesar que
o ibope vem caindo ano após ano), criticam o fato de só ter gente bonita e que
tem vínculos com pessoas da emissora.
Muitas coisas piores existem por aí na TV brasileira, mas
poucas críticas ouvem-se acerca destes programas. O zorra total é racista,
classista, machista além de enfadonho e tosco. O Pânico é completamente
machista e o Esquenta é racista.
A última vez que vi o BBB foi a edição número 5, aquele que
ganhou o hoje deputado do PSOL, Jean Willys, que luta firmemente pela causa
LGBT. Sinceramente, não me arrependo de ter visto. O Jean que sofreu de
homofobia dentro da casa, passou por todos os paredões que o colocaram.
Primeiramente achei que ele seria eliminado por ser gay, mas depois vi que o
povo teve pena dele e se afeiçoaram a ele _ o único BBB de todos que vi que
tinha conteúdo.
O programa é ruim? Beleza, não assista. Mas vamos parar com
esse mimimi de todo ano bater no programa como se ele fosse o grande mal de
todos os males.
Vai lavar roupa!
Melhor ainda, comece a prestar mais a atenção como você
demonstra sua inteligência e pensamento crítico no facebook!
Tem muito perfil por aí que você acessa e tem profundo
desgosto da raça humana. Sério.
É um perfil de pura ostentação; mensagens religiosas e pouca
virtuosidade; fotos na balada com frase de amor (?); uma porção doentia de
fotos de si própria _ selfies; frases feitas cujo autor a pessoa nem se dá ao
trabalho de saber quem é _ isso quando o autor não é aquele que está descrito; erros
grotescos de gramática e ortografia; compartilha opiniões de temas que a pessoa
simplesmente desconhece; manda indireta para outras pessoas _ e vem uma porção
de ovelhas curtir; se acham o centro do universo quando dizem que outras
pessoas estão cuidando da vida dela _ puta vida interessante a sua hein?! Dá
quase para fazer um livro... de cantigas de ninar ZZZZZzzzzzz.
Não podia esquecer-me desta: gente que tira foto com os
amigos ou com as amigas em algum lugar aleatório e coloca na descrição algo do
tipo: “Só os/as Top”.
Pausa para respirar.
Top do que, criatura reumática e pestilenta??
Top em quê?
Porque top?
Top babaquice? Só pode ser isso.
Existem estudos que mostram que quanto maior o uso do
facebook, mais infeliz as pessoas ficam. A razão ainda é meramente
especulativa, mas uma das explicações é a chamada comparação social. Sua vida
parece uma droga quando você vê tanta gente feliz _ por exemplo. Parece que
todo mundo viaja, faz churrasco, vai para a balada, shows e museus e você quase
nunca faz nada disso.
Aonde quero chegar: o “desespero” de algumas pessoas em
parecer-ser é tão grave, que um simples sorriso no espelho, uma simples careta
do irmão mais novo e uma cochilada do seu gato, parecem serem motivos suficientes
para a pessoa mostrar a todo mundo, como se aquilo fosse grande coisa. E na
boa, não é.
Os gatos dormem, e várias
criancinhas riem, assim como o besta do seu irmãozinho mais novo. Lide com isso
e larga essa porcaria de câmera e vá ler um livro.
P.S. Para de usar hashtag no facebook, #seuidiota!!
Links:
Quanto mais você usa o Facebook, mais infeliz você fica - Carta
Capital
How
Facebook Makes Us Unhappy - The New Yoker
Auf Wiedersehen!
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