Desnaturalizar


Desnaturalizar, do ponto de vista sociológico, é olhar para as construções sociais (que são aquelas produzidas a partir das interações entre nós, seres humanos), que nos parecem normais, coisas dadas, fatos da natureza, que "são assim mesmo", mas que na realidade fomos nós em sociedade, que as criamos por alguma razão.

Exemplo disso seria: porque meninos são identificados com a cor azul e meninas são identificadas com a cor rosa?

Algum desavisado poderia dizer: porque é assim mesmo, porque sempre foi assim. E é isso que chamamos de naturalização. É essa percepção que fatos construídos socialmente são naturais.

Desnaturalizar seria então uma postura inclusive filosófica, de questionamento das construções sociais. Entender porque as coisas são como são, e quais os interesses por trás de tal e qual construção social.

Tem uma fala muito divertida do Ciro Gomes _ que deve ser um ditado popular _ que se há um tatu no toco, é porque alguém o colocou lá, ele não chegou ali sozinho.

Parece bobagem, mas se puxarmos na história, já foi normal ter escravos, já foi normal mulheres e analfabetos não votarem. Hoje, sabemos o porquê isso acontecia, e entendemos que não é mais normal. Ou seja, o próprio entendimento do que consideramos ser ou não normal, muda com o tempo, e muda culturalmente.

Muitos absurdos foram, e ainda são defendidos na sociedade, sob a falácia da naturalidade _ ou normalidade.

Portanto, quando falamos de construções sociais, não existe uma pré determinação daquilo que é normal, o que há, somos nós em sociedade criando e deliberando sobre o que deve ser considerado ou não normal.

Então quando alguém te disser porque tal comportamento / pensamento, é ou não é normal, convém sempre se perguntar porque, e a quem interessa essa definição de (a)normalidade.

Não há pré determinações ou fatalismos que nos orientem, podemos sempre, através das nossas interações, fazermos diferente. Seja para o mal, seja para o bem.

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