Realidade e arte



"A arte existe para que a realidade não nos destrua", F. W. Nietzsche

No alto dos meus 32 anos (não parece, eu sei haha), ainda mantenho minha crença de que todas as formas de vida, são essencialmente, sem sentido. As coisas são, e pronto. O ser humano por sua capacidade intelectiva, é quem atribui sentidos para sua própria vida.

Nesse processo, o ser humano busca entender a si próprio, seu lugar no mundo, cria seus objetivos e sua imagem de si, sua identidade, aquilo que o torna único, diferente de todas as demais formas de vida.

Enquanto criamos coisas, nós humanos verificamos o resultado do nosso trabalho, e entendemos nossa capacidade, que é única, e nos identificamos nessas criações. Dito de maneira mais simples: enquanto fazemos coisas que entendemos ser exclusivamente da capacidade humana, vamos nos humanizando.

Humanizar-se então, é diferenciar-se de todas as demais formas de vida existentes. Ser humano, portanto, não é ser melhor, ser bom ou justo, é apenas ser diferente de um cachorro, de uma árvore ou de um organismo unicelular.

Mas por mais que queira diferenciar-se das demais espécies, a realidade é mais dura que isso, as leis da natureza não se importam com as intenções humanas. O humano é apenas mais um ser vivo, entre todos os outros, que está sujeito a tais leis, e que deve lutar por sua sobrevivência, até o dia em que o sol engolir todos os planetas ao seu redor.

A humanização atua como criadora de sentidos, é como se criássemos distrações, ilusões, para nos esquecermos das leis da natureza, e conseguirmos gozar a vida para além da simples necessidade de sobrevivência.

Nesse contexto a arte, a cultura, a religião e tudo o mais, tornam-se de extrema importância para nos humanizar, para dar sentido a nossa existência. Então ao invés de apenas nos preocuparmos com coletar alimentos, caçar e procurar por abrigo, passamos um tempo fazendo pinturas, esculturas, escrevendo, cantando, dançando, guerreando ou cultuando deuses.

No fim das contas, todas nossas criações não são mais do que formas de nos mantermos ocupados, enquanto a morte nos espreita, sem pressa.


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