Uma vitória para o futebol brasileiro

Ecce homo

Ontem (23/11) o Flamengo foi campeão da Taça Libertadores da América, vencendo o argentino River Plate de virada por 2 a 1, no estádio Monumental de Lima. Apesar do River ter dominado o jogo quase todo, nos últimos 15 minutos o Flamengo se aproveitou da queda física do adversário, conseguiu se impor e virar o jogo nos minutos finais, com Gabigol por duas vezes.

Um jogo épico!

Provavelmente meus vizinhos acharam estranho eu ter comemorado os gols do Flamengo, dado que eu torço pelo Palmeiras _ segundo colocado no Campeonato Brasileiro, atrás logo do rubro-negro carioca...

Não sou daqueles que acha que se tem um time brasileiro jogando contra outro de outro país, tenho que torcer para o brasileiro _ aquele papo de "time tal é o Brasil na Libertadores". Mas também não sou daqueles que torce contra só porque não é o meu time.

Me lembro que final do mundial de clubes de 2017, torci para que o Grêmio contra o Real Madrid; assim como torci pelo Internacional em 2006, contra o Barcelona; e até torci pelo São Paulo em 2005, contra o Liverpool. Mas não torci pelo Corinthians em 2012, contra o Chelsea, e nem pelo Vasco em 1998, contra o Real Madrid.

Torcer para times rivais exige um pouco de sangue frio, porque no fundo você sabe que os rivais vão acabar caçoando de você, e na boa, não tem nada mais chato que torcedor rival ficar esfregando suas conquistas na sua cara.

No caso específico do jogo de ontem, a torcida não foi exatamente para o Flamengo, mas sim para o treinador português Jorge Jesus, que trouxe consigo novos ares para o futebol brasileiro _ juntamente com outro Jorge, o Sampaoli, treinador do Santos.

Em pouco tempo treinando o Flamengo, o levou a liderança do campeonato brasileiro, deixando o Palmeiras vários pontos para trás, e também ganhou a Copa Libertadores. Não sou nenhum especialista em esquemas de jogo, mas fico impressionado com a gana do time do Flamengo, com a pressão que exerce sobre seus adversários, com o gosto pela bola e por não recuar depois de fazer o primeiro gol.

Se tem algo que tem me irritado faz alguns anos, são equipes que tem jogado apenas na falha do adversário, que não gostam da bola, que ficam recuados o quanto podem torcendo por um contra ataque, times que vivem da bola longa, que dependem de um cara grande para dar a famosa casquinha na bola, e sobrar para outro jogador tentar fazer o gol.

Equipes pequenas ou com elencos fracos jogarem dessa forma é perfeitamente compreensível, é quase que uma questão de reconhecimento da realidade. Por outro lado, é inaceitável que grandes equipes, com elencos fartos, com salários em dia, com grandes torcidas, joguem um futebol medíocre, medroso, defensivista, com rejeição à bola, que gostam de sofrer.

Claro que em determinados momentos do jogo, é até aceitável que a equipe mude sua postura, e aja de forma mais cautelosa, mas agir dessa forma quase que na totalidade do jogo, sem ter uma variação, sem mostrar soluções diversas para os cenários que se apresentam durante a peleja, é uma mostra dessa mediocridade.

Parabenizo o Flamengo, e torço que este sucesso incentive que as equipes busquem um nível de futebol melhor e que deixem de abraçar a mediocridade e o tal do jogo reativo. Não estou pedindo uma volta aos anos dourados do futebol, até porque isso é impossível _ o futebol mudou, a tecnologia esportiva mudou _ espero que no mínimo busque-se conceitos que façam as equipes jogarem mais, que deixem de apenas serem times que busquem o resultado ou que joguem por uma bola.

(Enquanto estava escrevendo, o Palmeiras perde em casa para o Grêmio, e entrega o título brasileiro para o Flamengo, com 4 rodadas de antecedência).

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1 Comentários

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