Naming Rights

Arena Corinthians

O Sport Club Corinthians Paulista, depois de alguns anos da construção do seu estádio, finalmente conseguiu um patrocinador para efetuar a compra dos chamados _ em inglês mesmo _ Naming Rights, e com isso seu estádio será chamado de Neo Química Arena.

Um naming right, é uma forma de propaganda, onde se compra ou aluga o direito sobre a propriedade do nome. É como se alguém se chamasse Sócrates, e viesse uma empresa e pagasse para tal pessoa se chamar Michael Jackson. 

Mas isso acontece nos casos de empresas que compram ou alugam o direito de colocar o nome que quiserem em um estabelecimento comercial, espaços culturais, eventos esportivos, espaços públicos, programas de TV, rádio e etc. Normalmente o nome que a empresa coloca é o seu próprio, ou de algum de seus produtos.

É importante destacar que nem sempre o nome todo é trocado, às vezes o nome da empresa que paga pelo direito é incorporado ao nome original. Um exemplo é o evento esportivo "Copa Libertadores da América", que há muitos anos, em cada edição do torneio, tem seu nome incorporado aos seus vários patrocinadores principais, ficando assim o nome "Copa [nome da empresa] Libertadores".

Aqui ainda temos um fator adicional, a re-renomeação dos nomes (talvez haja redundância na frase). 

Se digamos, um espaço cultural se chamar "Teatro de arena [nome da empresa ABC]", e essa empresa decidir vender este espaço para outra, ou, se foi um aluguel do nome, seu contrato vencer, e o nome for passado para outra empresa, o espaço será renomeado "Teatro de arena [nome da empresa XYZ]".

Tal fenômeno não se dá apenas no Brasil, aliás, isso é uma prática que existe nos EUA desde o início do século XX.

Valorização histórica

De cara podemos notar que até os nomes das coisas, no sistema capitalista, são possíveis de se tornarem mercadorias.

O nome de uma empresa não confere a mesma valorização, do que um nome que represente uma comunidade, a região onde está inserida, ou mesmo uma ideia que simbolize aquela população. Empreendimentos odiáveis, como bancos principalmente, ao associarem seus nomes com o que quer que seja, podem inclusive gerar repulsa e menos identificação ainda.

Claro é, que muitas empresas mesmo tentando vestir máscaras que tentem lhe conferir um ar humanizante, sabem que o mais importante é estarem em evidência, nem que para isso precisem intoxicar quaisquer ambientes possíveis com sua presença.

Algumas consequências resultam dessa prática, e uma delas é a falta de identificação das pessoas com o o espaço em questão. O nome de lugar _ além de outros fatores, como mesmo arquitetônicos _ remete às lembranças da comunidade, que associam os momentos em que tiveram contato com tal espaço, assim criando um laço emocional.

Outra questão imediata a esta, é a valorização histórica além do apagamento desta história. Sendo o nome uma mera mercadoria que pode ser comercializada, seu valor histórico que já está comprometido devido a falta de identificação com a comunidade, será mais destruído ainda, toda vez que este tiver o nome trocado em alguma nova transação.

Em 2010, a Sociedade Esportiva Palmeiras, destruiu seu estádio e abandonou seu nome histórico Palestra Itália, para em 2014, com o estádio reconstruído colocar o nome de uma outra empresa. O caso do Corinthians é um pouco mais estranho, porque foi um estádio construído em 2014, e nunca recebeu um nome oficial, porque desde o início esperava-se alugar seu nome.

É triste notar, mas ambos os clubes, mais que centenários, super vitoriosos, com torcidas que em população são maiores que muitos países no mundo, com uma história riquíssima, deixaram o nome de suas casas serem nomeados por empresas por um punhado de moedas.

Tento não ser ingênuo, e claro, devo dizer que a consciência crítica e histórica, costuma ser esmagada pelos interesses e pela lógica do capitalismo.

Se o capitalismo existir num futuro distante _ o espero que não _ vai ser curioso alguém questionar:

"Há quanto tempo o estádio existe?" 

E a resposta será algo como:

"No terreno onde está o estádio, há 200 anos, mas o estádio em si, já foi destruído e construído várias vezes e já teve tantos nomes de tantas empresas que mal consigo me lembrar. Mas eu chamo de estádio do Time [X], porque vai que semana que vem muda de novo...".

Referências

ESPN - Corinthians: acordo com Hypera Pharma tem até preferência em patrocínio máster; saiba tudo


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