O Angra e eu

No dia 1º de novembro deste ano, a banda brasileira de metal, Angra, lançou seu 10° album de estúdio, Cycles of Pain

A banda existe desde 1991, mas só fui conhecê-la por volta de 2002. Eu tinha 15 anos, e estava começando a gostar de rock'n'roll, e até tinha um CD ou outro com coletâneas baixadas do Kazaa por um amigo que tinha computador com gravador e internet discada_ coisa que era bem caro na época. Tinha um outro amigo na época que gostava de um som mais pesado, e fui até a casa dele pedir para ele me emprestar algum som para ouvir, eis que ele me emprestou essas duas belezas: um CD do Angels Cry e outro do Holy Land.

Chego em casa e coloco no meu toca CD, e fico extasiado com o som! Era uma música mais bonita que a outra, com seus corais, teclados, solos de guitarra, e com a pitada da batida e do balanço da música brasileira. E claro, não poderia deixar de mencionar aquela voz fina que inicialmente não sabia se era de homem ou de mulher, e que era do jovem maestro André Matos.

Não tinha dinheiro para comprar os CDs da banda, então tive que gravar em duas fitas K7 para continuar ouvindo _ e o fiz, até a exaustão.

O primeiro CD original que tive foi do Rebirth, que um amigo na escola me vendeu por 10 conto. Certamente foi o álbum que mais ouvi da banda, mesmo não sendo exatamente meu preferido. Mas de todos os álbuns, este é o que me traz mais boas lembranças.

Depois disso comecei a ter acesso a outras bandas de metal, principalmente da vertente power, e fui cada vez mais gostando do estilo. Hoje me considero mais eclético em termos de metal, porque ouço desde progressivo até doom, death e black metal (meu perfil na LastFM não me deixa mentir).

Em 2003, em um festival aqui na cidade (o FECA, que já trouxe nomes como CPM22, Pitty, Detonautas,  Dr. Sin), consegui ver o Shaman, e pude ver André Matos pela primeira vez. E no ano seguinte, eis que o Angra veio também para cidade fazer um show, na tour do recém lançado Temple of Shadows. Voltei a ver o André Matos em duas oportunidades, uma delas com sua banda solo em 2014 no saudoso Bar da Montanha em Limeira, e outra na Virada Cultural de SP com a banda Viper. 


Viper na Virada Cultural de SP: Hugo Mariutti, André Matos, Pit Passarell, Felipe Machado, Guilherme Martin (bateria) 

O Angra voltei a ver em 2018, também em Limeira, bem num dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo (empate de 1 x 1 Suíça). E os caras fizeram algo legal, que foi assistir o jogo com a público que foi chegando (menos o Fabio Lione, que foi estrelinha e não ficou lá com o povo rs). E neste ano de 2023 vi a banda em Limeira novamente, e aqui em Americana este mês, já na turnê do novo álbum.


Americana, 14/11/2023 - Turnê Cycles of Pain

Não sou daqueles que acham que a banda deveria ter terminado, apenas porque restou o Rafael Bittencourt da formação original, ou porque a banda não consegue repetir aquilo que fez no passado. Para mim uma banda, além de estar inserido como produto da indústria cultural, também é um organismo vivo, e obviamente ela vai mudando conforme mudam seus integrantes. É compreensível que a memória afetiva, a nostalgia, façam que muitos se decepcionem com um grupo de artistas que não consigam replicar com maestria o que fizeram no passado, entretanto, estes artistas não podem ficar presos nesse passado, e precisam tentar algo diferente, e serem minimamente compreendidos por isso.

É bem broxante ler comentários nas redes (anti)sociais sobre a banda, e sempre ter uma galera chorando pelas mesmas coisas, fazendo as mesmas comparações, fomentando desavenças entre membros atuais e antigos, etc. Eu sou uma pessoa que gosta de reclamar, mas sei lá, acho que às vezes as pessoas poderiam curtir mais as coisas da vida enquanto podem, do que ficar tentando caçar defeito em tudo _ ainda mais para quem curte um estilo cujo os melhores artistas tem envelhecido tanto, e parece não haver reposição a altura. 

Provavelmente a banda nunca mais vai conseguir repetir um sucesso como seus primeiros álbuns, mas como pedir que isso seja possível?! Mesmo em bandas mais estáveis, como por exemplo o Iron Maiden, que tem praticamente a mesma formação desde meados dos anos 1980, fica quase impossível repetir hoje o que fizeram nos seus anos dourados.

Isso não significa que críticas não possam existir, elas devem existir, até para que os artistas possam refletir sobre seus próximos passos. Até concordo que o artista não tem que dar aos fãs aquilo que eles querem, mas em termos de qualidade das composições, das letras, etc, eles tem no mínimo que se preocupar. E neste ponto, não tenho do que reclamar da banda, que há mais de 30 anos na estrada, tem feito o possível para entregar um som de qualidade, não importa quem esteja nas guitarras, nos vocais, baixo ou bateria.

Meu top 10 da banda:

Abaixo fiz uma ordenação dos álbuns que gosto mais para os que gosto menos, mas, não posso dizer que porque gosto menos, eu não goste: gosto de todos os álbuns, e cada um deles me remete a épocas e sensações muito diferentes da minha trajetória até aqui. E nessa lista me surpreendeu o quanto gostei do álbum novo, que para mim já aparece no top 5. Mas sabemos que estas listas nunca são definitivas (que bom), e que talvez se eu revisitá-la amanhã, semana que vem ou daqui alguns anos ela mude.

  1. Angels Cry (1993)
  2. Holy Land (1996)
  3. Rebirth (2001)
  4. Temple of Shadows (2004)
  5. Cycles of Pain (2023)
  6. Fireworks (1998)
  7. Omni (2018)
  8. Aurora Consurgens (2006)
  9. Aqua (2010)
  10. Secret Garden (2014)

Links

ANDRE MATOS - FAIRY TALE - LIMEIRA/SP (2014)

https://www.facebook.com/watch/?v=2286394008265667


Viper na Virada Cultural SP - Living for the night (2015)

https://www.youtube.com/watch?v=QdW9a-tb1a0


Angra - Black Widow's Web - Limeira (2018)

https://www.youtube.com/watch?v=wCvgAPLGHDQ


Show Épico Angra no Studio Mirage Eventos Limeira (2023)

https://www.youtube.com/watch?v=IxJbbrrD070


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