Admirável mundo velho


Somos humanos e vivemos no planeta acompanhado de milhões de seres vivos como plantas e insetos.

Nascemos em algum lugar do planeta, completamente vazios, sabendo apenas chorar por algum tipo de necessidade.

A partir daí as coisas tendem a ficar confusas.

Somos seres racionais e ao mesmo tempo irracionais, somos capazes de pensar na complexidade e ao mesmo tempo cometer um gesto completamente instintivo.

Crescemos em algum lugar com pessoas da nossa espécie ao nosso redor, cuidando, nos ensinando algo, algo que estas pessoas aprenderam ou algo que elas acreditam ser o certo. Os mais novos obedecem aos mais velhos, normalmente não há outra escolha, assim que nascemos, somos os protegidos, e nossos progenitores ou substitutos os protetores.

Há muito tempo atrás, haviam tribos e as pessoas andavam de um canto para outro em busca de recursos. Quando o ser humano descobriu a agricultura _ que podia fazer a natureza trabalhar a seu favor _ ele se tornou sedentário, e aos poucos estes povos passaram a sobreviver mais e aumentar de tamanho, de vilas até cidades.

Surgiram as classes sociais e as formas de controle para os mais pobres e fracos, como a religião.

Quando pensamos nas belas Pirâmides do Egito nós sempre temos que pensar que alguém mandou construir aquilo, e milhares de pessoas a construíram, talvez em troca de muito pouco, ou nada. Todas as maravilhas do Império Romano não foram feitas pelos imperadores tampouco pelos senadores, mas sim pelos pobres e fracos.

As sociedades cresceram e os que tinham exercítos melhores formados passaram a dominar os demais, impondo sua cultura e modo de vida. Lutar com palavras era inútil, tudo era navalha na carne.

Chegamos a sociedade atual, muitas vezes nos orgulhamos do quão longe chegamos, das descobertas que fizemos e como estamos avançados nos direitos humanos.

Mas será que a sociedade melhorou mesmo?

Quando você entra na sua casa depois de colocar a chave na fechadura, acionar um alarme, ligar a cerca elétrica de um muro com lanças e cacos de vidro no topo, e dar comida para o pitbull, não parece que está em uma prisão?

Quando você anda paranóico, olhando para todos os lados durante a noite, não te parece assustador?

Quando o papa, a quem todos os cristãos juram, que deus protege, anda de carro blindado, não parece um pouco de falta de fé dele?

Quando perdemos o emprego e vemos que algumas coisas que consumimos terão de ser cortadas, e pior, algumas contas não poderão ser pagas e logo estaremos no olho da rua, não é para mijarmos nas calças?

Quando vemos centenas de doenças sendo criadas pelas companhias farmacêuticas, mais suas propagandas, não dá a impressão que somos doentes?

Quando a propaganda nos diz que precisamos daquele carro, daquele computador, daquele sabonete, daquela pasta de pente e daquela lipo para sermos mais felizes e completos, não nos dá uma dica que somos incompletos, mas com aqueles produtos, seremos tudo que sempre desejamos ser?

Quando um pastor pobre fica rico de repente e seus fiéis continuam com fé, e pobres, será que ninguém quer realmente olhar para o que acontece e duvidar de sua fé?

Quando você estuda para passar de ano e não para aprender, será que não está perdendo seu tempo?

Quando toda a sua alegria está nos seus amigos, na namorada, na bebida e em toda a diversão que temos que pagar, será que não falta um pouco de capacidade de ser feliz consigo mesmo?

Quando nos recusamos a dar nossa opinião por medo de termos nossas bases balançadas, será que não temos que nos desgarrar de nossas crenças e duvidar mais, inclusive de nós mesmos?

Quando há tanta miséria ao redor, será que não há como espalhar um pouco de conhecimento?

Não é tanto de dinheiro e bens que as pessoas precisam, elas precisam saber das coisas e pensar sua própria vida.

Já fomos primitivos, nômades, agricultores, guerreiros, e de uma maneira ou de outra as coisas continuaram a crescer. Mas muita gente inocente já morreu lutando as batalhas dos outros.

E é isso que talvez, seja no minímo o que precisamos enquanto humanos, de força para lutar nossas próprias batalhas, não de morrer pela riqueza dos outros, dos ricos, dos bispos, dos filósofos, dos reis, dos empresários ou banqueiros.

Eles que morram!

A sociedade falha em nos prover tudo o que ela promete. A propaganda é uma grande vitrine de ilusões, e nós precisamos parar de vislumbrar estes oásis. Somos pessoas, vivemos de ideias e não de componentes eletrônicos. Tudo o que precisamos está dentro de nós, e não fora.

Podemos gostar do luxo e da facilidade das ferramentas, mas o que quero dizer, é que não devemos matar ou morrer por isso. Matar ou morrer pela riqueza dos exploraradores do mão de obra, do pensamento crítico.

A sociedade não está melhorando, ouçam, ela não está. Soa como profecia apocalíptica, mas não é: a população só cresce e os recursos só acabam, as cidades estão superlotando e ficando cada vez mais poluídas, a quantidade lixo produzido é gritante.

Para superarmos esta sociedade do consumo devemos nos voltar para nós mesmos e pensar a vida, em um novo modo de vida. É para termos medo? Jamais, o medo só semeia o terreno para mentes perigosas e exploradoras, como historicamente tem acontecido.

Consciência seria um bom começo! 


Postar um comentário

4 Comentários

  1. ADOREI ESSE TEXTO!!!! VOCÊ ESCREVE DIVINAMENTE BEM!!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Seus textos são muito bons Ricardo. Conheci seu blog faz pouco tempo, procurando algo sobre Admirável Mundo Novo do Aldous huxley. Eu me surpreendi com tanto material de ótima qualidade que se encontra aqui, musica, politica, crítica entre outros.
    Está de parabéns! Continue com o excelente trabalho!

    ResponderExcluir